terça-feira, abril 29

LULA ESQUECE QUE FOI ELE QUEM DEMITIU DIRCEU



Pedro do Coutto

Numa entrevista à rede de televisão de Portugal (melhor e mais ampla matéria a respeito) foi publicada na edição de 28, da Folha de São Paulo, o ex-presidente Lula afirmou que, numa escala de 80%, a decisão do Supremo Tribunal federal foi de inspiração política no caso do julgamento do mensalão. As declarações de Luís Inácio à RTP, contidas na reportagem da Folha são contraditórias.
Em primeiro lugar, o ex-presidente esquece que foi ele, então no Planalto, quem demitiu o ministro José Dirceu da chefia da Casa Civil, logo que o escândalo veio à tona, em consequência das denúncias do ex-deputado Roberto Jeferson. Se ele, Lula, não tivesse certeza quanto ao envolvimento daquele que chamava de capitão do time, recorrendo à linguagem do futebol para destacar a importância do primeiro ministro de fato de seu governo, não deveria tê-lo afastado antes mesmo dos trabalhos da CPI começarem a se desenrolar. O ato, da demissão, antecedeu até mesmo as conclusões a que chegou a Comissão Parlamentar de Inquérito, principalmente antes da acareação entre os dois principais personagens. Isso de um lado.
De outro, na mesma entrevista à RTP, Lula afirmou que “não vou ficar discutindo uma decisão da Suprema Corte”. Mas como? Foi ele próprio quem disse que o resultado do julgamento do STF foi 80% político, assinalando indireta, porém claramente, que o peso do conteúdo jurídico ficou somente com os 20% restantes. O ex-presidente, assim deixou transparecer, que não se encontrava  num momento emocional compatível com sua importância no quadro político e sobretudo nesta fase de pré-campanha pela sucessão presidencial. Com isso, abalou o movimento volta Lula, dentro do PT, e contribuiu de forma direta para reconsolidar a candidatura da presidente Dilma Rousseff.
SEM EQUILÍBRIO
Lula, apesar do erro, continua a ser o grande eleitor do país, como as pesquisas do Datafolha e IBOPE revelam, porém mais para alguns outros do que para si próprio. Curiosa esta colocação, real na verdade. Me referi a alguns outros candidatos exatamente para excluir dessa lista imaginária o nome de Alexandre Padilha para o de São Paulo, principal colégio de votos do país, sobretudo depois das matérias publicadas pela Veja, pela Folha de São Paulo, pelo O Globo, pelo O Estado de São Paulo, a respeito da presença do Labogen na área administrativa do Ministério da Saúde.
Mas esta é outra questão. O essencial é que nas declarações à rede de televisão de Portugal, transcritas na reportagem da  Folha de São Paulo, Lula não demonstrou o equilíbrio que se espera de um ex-presidente da República, sobretudo se levarmos em conta o potencial de votos que inegavelmente possui e certamente vai direcionar às urnas de outubro.

Fonte: Tribuna da Internet

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