segunda-feira, abril 28

OS CANDIDATOS DE GRANADA



Carlos Chagas

A cobrança continua: Dilma Rousseff, Aécio Neves e Eduardo Campos ainda não apresentaram seus programas. Sabe-se apenas que, se reeleita para os próximos quatro anos, a presidente desenvolverá a mesma rotina e os mesmos métodos de trabalho adotados até agora. O ex-governador de Minas fala em combater a corrupção, adotando o modelo tucano de governar, mas não define se vai privatizar mais ou menos. Já o ex-governador de Pernambuco dá a impressão de haver afogado o socialismo no Capiperibe, pois nenhuma proposta de reforma social foi por ele apresentada até agora.
Depois, Dilma se queixa da queda nos índices de preferência, enquanto seus adversários lamentam não crescer nas pesquisas. Tudo na surdina, é claro, tendo-se uma impressão de vazio nas campanhas. Os três viajam, mostram-se, costuram alianças mas, com todo o respeito, lembram os Cavaleiros de Granada dos versos de Cervantes, aqueles que “alta madrugada saíram em louca cavalgada, brandindo lança e espada. Para quê? Para nada…”
Nenhum dos candidatos divulgou detalhes do que fará para acelerar a reforma agrária, combater a inflação, melhorar a vida do trabalhador, recuperar o salário mínimo, estancar a violência urbana e rural, promover a reforma política e melhorar os serviços públicos de transporte, infraestrutura, saúde e educação. Qual a política externa que vão desenvolver ou de que forma se relacionarão com a sociedade civil, o Congresso e os partidos políticos?
Adianta pouco dizer que é cedo, porque já é tarde. A cinco meses da eleição pouca ou nenhuma atenção dedicam aos anseios populares, muito menos às necessidades básicas da nação. Dilma oferece a rotina, mesmo distribuindo tratores para as prefeituras e inaugurando casas populares e obras atrasadas do PAC. Aécio e Eduardo reúnem-se com empresários reclamões, mas estão longe de particularizar metas e objetivos específicos.
Convenhamos, parece temerário imaginar que da noite para o dia tudo mudará. Possível, quem sabe provável, cobre o país um desinteresse olímpico por parte do eleitorado diante dos candidatos, só que por exclusiva responsabilidade deles. Depositar esperança numas poucas semanas de propaganda eleitoral gratuita pelo rádio e a televisão poderá frustrar expectativas e sonhos. Se até as novelas perdem audiência…
Fonte: Tribuna da Internet

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