domingo, julho 13

A presidenta vai entregar o país pior do que recebeu”

Sara Vasconcelos
Repórter

Em Natal, terceira capital Nordestina visitada na última semana dentro da campanha eleitoral, o candidato do PSB ao Palácio do Planalto, Eduardo Campos teceu duras críticas ao governo da Presidenta Dilma Rousseff e falou das propostas de governo. Campos acusa a petista de se esconder pelo viés do marketing  político( de que o país vai bem), enquanto a economia apresenta baixos indices de crescimento. “Eu acho que o Brasil deseja mudar, mas não mudar para o passado e sim para o futuro, preservando as conquistas que produzimos na vida do país nos últimos anos. O Brasil também precisa superar a política do fisiologismo, do patrimonialismo, superar o baixo crescimento na inflação que está de volta, os juros altos, o caos que se estabelece no setor elétrico brasileiro”, disse.  
Magnus Nascimento
O povo vai perceber que ela só ganhou a eleição graças aos votos do Nordeste, mas não teve a mesma atenção com as pessoas dessa região, diz EduardoO povo vai perceber que ela só ganhou a eleição graças aos votos do Nordeste, mas não teve a mesma atenção com as pessoas dessa região, diz Eduardo

Por que o senhor acha que merece o voto do eleitor para presidente da República?
Eu acho que o Brasil deseja mudar, mas não mudar para o passado e sim para o futuro preservando, as conquistas que produzimos  nos últimos anos. O Brasil também precisa superar a política do fisiologismo, do patrimonialismo, superar o baixo crescimento, a inflação que está de volta, os juros altos, o caos que se estabelece no setor elétrico brasileiro. E para fazer esse processo acontecer, é necessário e fundamental que  uma força política que tenha compromisso com a renovação possa assumir. Eu e a Marina Silva representamos a possibilidade do Brasil mudar para o futuro, renovar as práticas políticas e buscar as energias renovadoras que tem na sociedade brasileira para vivermos um ciclo de melhorias. Nós temos uma experiência administrativa comprovada, pois, como governador  num estado do Nordeste com todos os desafios, recursos e condições adversas, nós mostramos que é possível fazer mais com menos. Fizemos uma política de segurança que fez com que Pernambuco fosse o único estado do Nordeste que nos últimos anos reduziu a violência. Fizemos a maior rede de ensino de tempo integral. Maior do que São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais juntos. Fizemos atração de um conjunto de empresas e investimentos produtivos que nos fez ser o estado que mais cresceu na economia e gerou empregos diretos, pois ousamos em uma gestão inovadora, com métodos novos, com uma prática política nova.  E é isso que queremos colocar à serviço do Brasil, eu sou o único candidato nordestino que conhece esse Nordeste como a palma da mão, que sabe das dificuldades, que sabe das potencialidades e sabe que o Nordeste já cansou de ser visto como a urna do Brasil.

A região Nordeste teve um peso decisivo na eleição da presidenta Dilma Rousseff. Qual a estratégia para “tirar” esses votos da candidata do PT na região?

Eu acho que vai começar agora a campanha, daqui a pouco começa o horário eleitoral e as pessoas vão se aproximando do debate sobre o futuro do Brasil. E eu tenho grande confiança que o povo vai entrar nessa discussão para fazer a diferença, e a diferença é fazer a mudança, mostrar que a presidenta Dilma só ganhou a eleição presidencial basicamente pelos votos do Nordeste. Mas não teve a mesma atenção com as pessoas dessa região. O que a gente percebe são obras inacabadas, são promessas que não se cumprem, um processo de desaceleração do crescimento do Nordeste, a renda volta a se concentrar, a inflação toca a renda das famílias, as prefeituras do Nordeste estão quebradas em função da política econômica do governo federal e um governo que não dialoga, que não nos escuta. Tenho total confiança que os meus conterrâneos vão me levar para o segundo turno e vou ser Presidente da República para fazer pelo Nordeste aquilo que muitos tiveram oportunidade de fazer e não fizeram.

Na avaliação do senhor, a atual conjuntura econômica do país de alta de juros, inflação, desaceleração do PIB, resulta da postura do atual governo ou é consequência de uma situação macro, com a crise internacional?
Isso se deve a uma falta de coordenação de uma política macroeconômica no governo federal. O governo não passa confiança aos agentes econômicos brasileiros e de fora do país. Isso fez com que todos retraíssem as suas decisões em relação a investimentos no Brasil. Não é por acaso que nós estamos tendo os quatro anos de menor crescimento de toda história da república brasileira desde Deodoro da Fonseca. E ela (Dilma Rousseff) quer esconder essa realidade com marketing, enquanto o desemprego na indústria brasileira acontece de maneira acelerada, famílias cada vez mais endividadas, os juros cada vez mais altos, os serviços público na ineficiência. Eu acho que essa falta de visão do mundo real, a falta de uma postura clara na política macroeconômica quebrou a confiança.

Sendo eleito, qual a sua estratégia para fazer essa economia voltar a crescer?
O ato da eleição, o resgate da legitimidade de um governo ele já dá um passo importante no sentido de criar um novo ambiente para quem vai empreender no Brasil. De outro lado, a minha experiência como gestor público: eu dialoguei com uma cena econômica de um país inteiro que nos conhece e sabe que nós vamos fazer um governo sério, competente, e vai equilibrar as finanças públicas, que vai tomar conta da inflação, que vai fazer crescer o país. Esse ambiente se cria com regras claras, planejamento de longo prazo, simplificação, desburocratizando o país.

O Brasil está inserido no Bric, mas tem apresentado um desempenho abaixo dos registrados pela Rússia, China, Índia. O que é preciso para garantir um crescimento compatível com essas outras economias?
Para sustentar o crescimento de uma maneira prolongada, é fundamental ter uma estratégia de longo prazo, coisa que o Brasil não tem. A presidenta falava que esse era o governo que ia baixar os juros do Brasil. O juros baixou e disparou, foi lá para cima; que ia baixar o preço da energia, baixou e depois foi lá para cima; que iria crescer a economia, e essa decresceu. Não existe uma visão de longo prazo. Uma coisa fundamental para o Brasil continuar crescendo por décadas é o investimento em educação, esse é o único caminho para reduzir as desigualdades que temos no país hoje. O legado que queremos deixar em quatro anos é escola integral desde a creche ao ensino médio, concomitante com um ensino técnico e profissionalizante.

Qual a principal crítica que o senhor faz ao governo da presidenta Dilma Rousseff? Quais motivos levaram ao rompimento com o PT?
Na verdade eu acho que a presidenta Dilma teve oportunidade, todos nós torcemos que ela desse certo, os que votaram nela e os que não votaram torceram, mas ela não soube, não pode ou não quis, enfim, o fato é que ela jogou essa oportunidade fora. Ela é a primeira presidenta da República a entregar o país pior do que encontrou. Itamar Franco entregou o país melhor do que encontrou do Sarney, o Fernando Henrique Cardoso entregou o país melhor ao Lula, esse entregou muito melhor do que recebeu do Fernando Henrique, mas a presidenta Dilma vai entregar pior do que recebeu do Lula. Na economia o crescimento é menor, a inflação é maior, a taxa de juros é maior, do ponto de vista da concentração de renda, paramos o processo de desconcentração da renda, as contas públicas nunca tiveram um déficit tão grande, no setor elétrico a Petrobras perdeu Eletrobrás perdeu dois terços do valor que tinha, ou seja, houve uma desarrumação que a gente precisa corrigir. Eu acho que a maior crítica que eu tenho a fazer ao governo é que este se ofende com qualquer crítica que a gente vá fazer, e quem vai governar não pode se ofender com criticas, pois esta muitas vezes é quem ajuda um governo a corrigir os erros. Se você não tiver uma postura aberta a sugestões e opiniões, dificilmente você vai acertar.

O senhor defende a necessidade de uma “nova política” de gestão. Na prática, que modelo é esse e o que deve mudar em relação ao atual modelo?

A mudança essencial é a seguinte: a presidenta Dilma levou o país a ter 39 ministérios e o preenchimento desses ministérios deixaram de ser pela lógica da competência, da seriedade, do conhecimento, para ser do interesse dos partidos, do tempo de televisão, da próxima eleição. A gente precisa colocar gente que entenda de saúde, que saiba tocar e fazer a educação melhorar, valorizar o professorado, a economia do mesmo jeito. Então o que muda é a atitude, com a seleção dos melhores brasileiros, os mais talentosos e capazes, que vão me ajudar a tirar o Brasil do caminho errado e colocá-lo no caminho certo. O que acontece hoje é que essa luta PT versus PSDB divide o Brasil.

O senhor criticou o atual funcionamento do Executivo federal e disse que, sendo eleito, reduziria a quantidade de ministérios. Quais ministérios poderão ser desativados e por que?
Nós devemos reduzir a cerca de 20 ministérios no conjunto de ministros. Essa decisão sobre o novo organograma ela será tomada tão logo se conclua o programa de governo, a nossa equipe vai dizer: o conteúdo é esse e a forma para dar conta desse conteúdo será essa. A equipe é formada por dezenas de técnicos que estão nos auxiliando a fazer o programa de governo. Outra coisa é que nós vamos reduzir o número de cargos comissionados, para valorizar o servidor de carreira, e poder efetivamente dar espaço para liderar processos dentro da máquina pública a partir de uma visão de competência As agências que foram criadas para regular os serviços públicos mas são concedidos a iniciativa privada, elas estão deixando a desejar. Nós queremos assumir o compromisso de mudar, mas que seja de verdade.

E o que o senhor deve preservar do governo Lula-Dilma?
Não faço aquela política do tempo antigo, onde um chegava e desmanchava o que o outro estava fazendo só por uma questão politiqueira. O que tiver dando certo tem que ser preservado. O Bolsa Família é um programa certo, precisamos que chegue a mais famílias, pois tem muita gente que precisa mas não recebe, e que as famílias do bolsa família também recebam outras políticas, como uma saúde de qualidade, qualificação profissional, acesso a educação de qualidade. Já assumimos um compromisso: eu vou fazer mais do que a presidenta Dilma fez, eu vou fazer 4 milhões de casas com o programa Minha casa, minha vida. Além desse programa, a gente precisa recuperar favelas, regularizar a posse de terra de muitos bairros, além de calçamento, de saneamento. O Prouni para que jovens possam ter acesso a universidade particular também, mas precisa ser aperfeiçoado. Precisamos também abrir mais vagas nas universidades públicas..

Caso o senhor não chegue ao segundo turno, quem o senhor apoiará? É possível uma nova aliança com a candidata do PT?

Eu estou completamente confiante de que nós vamos para o segundo turno.

Dois pontos pendentes no Congresso: Reforma Tributária e Pacto federativo. Como serão tratadas em uma possível gestão do senhor, caso eleito?
Eu vou fazer a reforma tributária no primeiro ano do governo, eu participei de todos os debates sobre reforma tributária no Brasil nos últimos 20 anos. Vou comandar pessoalmente a reforma tributária, parte dela entrará em vigor já em 2016, mas a outra parte será de maneira fatiada, para viabilizar forças a favor da reforma. Eu assumi um compromisso e vou cumprir como tenho assumido todos que assumi na vida pública, eu vou ser o primeiro presidente da república a não aumentar tributos no Brasil. Vou baixar a carga tributária e vou distribuir o bolo tributário entre os municípios e os governos estaduais. As prefeituras estão literalmente quebradas no Brasil, e se quebram as prefeituras, quebram os serviços públicos mais elementares como a creche, a ação básica de saúde, a questão da limpeza urbana, questões elementares para a vida das comunidades, vou fazer isso porque é possível fazer.

Fonte: Tribuna do Norte

 

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