CARLOS CHAGAS
Por incompetência ou má fé,
os institutos de pesquisa deveriam ser banidos ou punidos, mas perderam toda
sua credibilidade, apesar de haverem, na última semana e ontem, tentado ajeitar
seus números fajutos anteriores. Admitir que tenham vendido seus números, seria
a conclusão lógica, ainda que por falta de provas fique difícil a afirmação. A
desmoralização, porém, é óbvia.
Tome-se, para começar, o Rio
Grande do Sul. Passaram meses dando Ana Amélia como futura governadora. Pois o
governador Tarso Genro chegou em segundoo lugar e Ivo Sartori em segundo. O
eleitorado gaúcho seria tão volúvel assim, a ponto de mudar de opinião em
poucos dias? Em Pernambuco, passaram a apregoar a vitória de Armando Monteiro durante
montes de boletins, mas será que Paulo Câmara já não era uma opção da maioria
do eleitorado? Na Bahia, Paulo Souto parecia imbatível, quebrou a cara, os
institutos sequer situavam Rui Costa. No Rio, Garotinho ocupou a
pole-position fictícia sem que os encarregados da aferição popular ligassem
para Luís Fernando Pezão. No final, deu no que deu.
Multipliquem-se os erros por
outros estados, ainda que o artifício da “boca de urna” tenha servido para
disfarçar malfeitos e até faturamentos. Nem se fala das eleições para senador,
apesar da farsa do que se ouviu esta semana, de “com a margem de erro” tudo
pode acontecer. Até diferenças de 3 ou 4 % de duvidas, “para cima ou para
baixo”, com o ridículo de acrescentarem ser o “nível de confiança de 95%”…
Existem países, como a
França, onde as pesquisas são proibidas, mas proibidos, mesmo, deveriam ser os
elogios dos meios de comunicação aos erros dos institutos, mesmo diante de
falhas tão gritantes. É a evidência de um execrável conluio. No fundo, tudo se
resume a um embuste.
Vem aí o segundo turno. A
lambança deverá repetir-se, num escândalo tão grande quanto o do mensalão ou o
da Petrobrás. Dinheiro voltará a correr entre institutos e candidatos,
felizmente superados pelo eleitorado, responsável pela única pesquisa
confiável, a própria eleição. Mesmo assim, as próximas eleições vem aí, daqui a
dois anos, e as quadrilhas já estão preparadas para novas investidas.
ESCORREGÃO
Papelão, mesmo fez a Justiça
Eleitoral, ao implantar a votação biométrica numa série de estados.
Em boa parte deles, não funcionaram as maquininhas de recolher as impressões
digitais dos eleitores. O cidadão mostrava seus polegares e indicadores e nada
se confirmava, obrigando o indigitado a repetir diversas vezes a tentativa de
ser identificado. Será que a população perdeu a pele de seus dedos? O resultado
foram longas filas, como em Brasília, pois as juntas apuradoras insistiam, até
levando cremes para estimular, nos eleitores, aquilo que tecnologia não
conseguia completar.
REPETIÇÃO
O pior de tudo é que, em
termos nacionais, será preciso repetir tudo de novo, dia 26. Dilma chegou em
primeiro lugar mas não deu para reeleger-se. A baixaria volta com redobrada
intensidade, nas campanhas que recomeçam hoje. Mais ataques contra nossa
paciência duas vezes por dia, no rádio e na televisão. Democracia é assim
mesmo, melhor que seja assim…
Fonte: Diário do Poder
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