quarta-feira, outubro 29


João Maria Medeiros: “Segredo do sucesso foi ter um bom candidato”

Coordenador do marketing de Robinson faz avaliação da campanha vitoriosa


Joao
Alex Viana
Repórter de Política
O publicitário João Maria Medeiros, coordenador-geral do marketing do governador eleito do Rio Grande do Norte, Robinson Faria (PSD), avalia que a vitória do candidato, sobretudo frente ao principal oponente, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB), se deve, especialmente ao desempenho do próprio Robinson. No que toca ao marketing, embora desejasse ter trabalhado com uma estrutura maior, o experiente marqueteiro eleitoral sempre acreditou no talento da equipe, “acostumada a fazer muito com pouco”. Nesta entrevista, João Maria Medeiros fala dos bastidores da campanha, e das virtudes do candidato, item crucial para o êxito eleitoral. “Centrado e obstinado”, diz ele, “Robinson foi um candidato fantástico”. Confira a seguir:
O Jornal de Hoje – Qual a avaliação que faz do pleito deste ano para o governo do Rio Grande do Norte?
João Maria Medeiros – O pleito de 2014 realmente revelou o que a gente já esperava. Eu imaginava que seria uma campanha muito dura, mas que a coisa se resolvesse no primeiro turno (pró-Robinson). No entanto, o trabalho que a gente desenvolveu desde o inicio também apontou para a perspectiva de vencermos no segundo. Talvez a perspectiva de vitória no primeiro turno fosse mais torcida.
JH – O marketing de Robinson trabalhou com dificuldades?
JMM – Nós trabalhamos com uma estrutura menor que a ideal. Gostaria de ter trabalhado com uma estrutura maior. Mas as condições da campanha não permitiram. Então, nós fizemos um trabalho com estrutura reduzida, mas apostamos no talento da equipe. É uma equipe que trabalha comigo há doze anos, e está acostumada a fazer muito com pouco.
JH – Qual foi o momento mais difícil da campanha?
JMM – O momento mais difícil foi o inicio da campanha. O candidato era desacreditado, particularmente nós acreditávamos, ele mais que ninguém acreditava, tinha obstinação. E você botar a campanha na rua sem perspectivas, enfrentando uma estrutura muito grande, uma máquina violentíssima, muito poderosa. Acho que o início da campanha foi o momento mais crucial, e difícil. Mas, depois que a coisa engrenou, com o início da Caravana da Liberdade. Quando começou a Caravana, sentimos o crescimento como algo real. A caravana foi o marco.
JH – Como foi enfrentar o programa eleitoral de Henrique?
JMM – A gente desde o início esperava um programa muito plástico, muito bonito, isso já era, para nós, previsível. Que eles viessem com a aquela linha. Em momento algum nos assustou, nem o tempo, nem a qualidade plástica e estética. Porque sabíamos que iríamos enfrentar e, desde o inicio, nossa estratégia era tornar Robinson conhecido e a desconstrução de um candidato que tem margem de rejeição muito alta. O que a gente trabalhou foi ampliar a rejeição dele.
JH – E o apoio do candidato ao marketing?
JMM – O apoio que recebemos do nosso candidato foi maravilhoso. E tivemos um candidato muito bom. O marketing é bom e eficiente quando o candidato é também bom. Apesar das dificuldades e da pouca experiência de Robinson com campanhas majoritárias, com estrutura de marketing e televisão, ele foi um candidato fantástico. Seguiu bem centrado, muito obstinado. Acho que essa determinação dele foi um fator que ajudou bastante. Diria que nós não tivemos muitas dificuldades com o candidato.
JH – Em relação à equipe do marketing?
JMM – Uma das características que, modéstia à parte, eu acho que tenho, é reunir um time de talentos de excelência. Normalmente, nas minhas equipes só temos uma estrela: o candidato. Fora isso, temos um time bom, de inteligência altíssima, mas centrado e pé no chão.
JH – Que tipo de marketing foi o de Robinson Faria nessas eleições?
JMM – Diferentemente do que nos tentaram imputar, chamando de marketing marginal, a gente centrou na construção da imagem e no fortalecimento do nosso candidato, e na desconstrução ou fortalecimento da rejeição do adversário. No segundo turno, lamentavelmente o marketing do adversário descambou para um caminho muito perigoso, o do marketing do esgoto, sair da crítica administrativa para o campo pessoal. Mas, ali já se mostrava tipicamente que era desespero, marketing meio desesperado.
JH – Qual foi, então, o segredo do sucesso?
JMM – O segredo do sucesso foi ter um bom candidato. Além disso, muito trabalho. Eu faço marketing usando a inteligência e a razão, acima de tudo. E conduzir uma campanha, que é algo extremamente tenso, com muita serenidade, mas não abrindo mão dos princípios que as pesquisas nos mostravam. Não faço marketing por achar dizer, mas baseado em informações seguras e abalizadas.
JH – Qual sua expectativa para o governo Robinson Faria?
JMM – Espero que faça um grande governo, e que cumpra com os compromissos, governando para os últimos e para quem realmente precisa. Se ele fizer isso me sentirei feliz e realizado como cidadão.

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