segunda-feira, setembro 19

“Nunca houve tamanha extensão de malfeitos com a benção do governo”, diz FHC sobre a Lava Jato

Fundo azul. Do lado direito, foto de FHC. Do lado esquerdo, em branco e amarelo, lê-se "Esse governo é conseqüência de uma decisão constitucional. Quem votou no Michel Temer foi quem votou na Dilma. Quem está gritando 'Fora Temer' foram os que votaram nele." Abaixo, o nome Fernando Henrique Cardoso e o logo do PSDB com o lema "Sempre a favor do Brasil" embaixo.
Brasília (DF) – Em entrevista ao portal da revista IstoÉ, publicada nesta sexta-feira (16), o ex-presidente da República e presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, avaliou que as investigações da Operação Lava Jato desencavaram no Brasil uma crise moral sem precedentes. “Nunca houve nada de tamanha profundidade no Brasil porque nunca houve tamanha extensão de malfeitos com a bênção do governo”, constatou.
Para Fernando Henrique, o Partido dos Trabalhadores falhou no que se propunha a fazer: representar os ideais da esquerda. Por isso, é hora da legenda se reinventar. “O partido foi um espaço de esperança, não precisava ter ido para os caminhos que foi, não precisava ter demonizado o PSDB. O PT passou a amar o poder mais do que amava as pessoas. Aí deu no que deu”, apontou.
O tucano afirmou que o governo do presidente Michel Temer deverá ser uma ruptura do sistema de corrupção que corroeu a gestão ao longo dos últimos 13 anos de administração petista. Para isso, um exemplo deve ser dado.
“Tem que mudar nossa cultura de permissividade. É preciso que os de cima deem exemplo. A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, dirige seu próprio carro. É um sinal de que é uma pessoa simples. No Brasil houve um momento de embevecimento pelo poder. Precisa baixar um pouco essa temperatura e voltar à coisa mais republicana. Isso implica em redução de privilégios”, disse.
O ex-presidente também salientou que a gestão Temer precisa ganhar a confiança da população mostrando que tem um rumo. “O governo Temer não tem descuidado do contato com o Congresso, isso é importante. Agora, o grande problema que ele vai ter que enfrentar é que o Congresso reflete também o que se chama vagamente de opinião pública. A Dilma perdeu a opinião pública e o Congresso. O governo Temer tem o Congresso, mas a opinião pública é que está na dúvida. Então ele tem que dirigir-se muito mais à opinião pública”, explicou.
“A batalha é dizer: nós vamos dar os primeiros passos para o caminho novo, melhor. Mas aí tem que ter o crescimento da economia, obviamente. O que a população entende? É emprego, é renda, controle da inflação. Um problema dessa natureza não se esgota em dois anos”, acrescentou.
Desafio na economia
Fernando Henrique Cardoso lembrou que o momento que Brasil vive hoje é muito similar ao que ocorreu logo após o impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello: uma grave crise econômica que precisa ser contornada.
“Fui ministro do Exterior e da Fazenda do presidente Itamar Franco, que também foi um governo que ocorreu por causa de um impeachment. Recordo que naquela época, também foi muito difícil. Havia muita greve, muita coisa. Quando é que as coisas acalmaram? Quando foi possível enfrentar o principal problema da época, que era a inflação. Hoje a situação é diferente, mas tem esse ponto de similitude. O povo, hoje, está sentindo um mal-estar por causa de um desastre que a política anterior causou no Brasil”, considerou.
Na avaliação do ex-presidente, a questão fiscal só será resolvida após a adoção de duras medidas de austeridade e controle de gastos, que devem ser devidamente esclarecidas para a população.
“É preciso que o governo Temer tenha rumo e firmeza. Tem que oferecer ao país uma perspectiva. A minha função, quando fui ministro da Fazenda, foi principalmente falar, explicar. Aqui, nesse momento, estamos sentindo falta de mais explicações. Por que tem que tomar medidas e o que vai acontecer. E desenhar o horizonte de esperança”, completou Fernando Henrique.
Leia AQUI a íntegra da entrevista de Fernando Henrique para a IstoÉ.

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